Aqui você encontra a memória das nossas edições anteriores: nossos manifestos, a programação completa, o catálogo de filmes, a curadoria, o júri, os filmes premiados e muitas fotos!
CineBaru 2018: Manifesto
Desejos de sementes de um Festival em construção
Me lembro bem dos brilhos dos olhos, dos sorrisos e feições de cada um ali sentado no simples ato de assistir, das crianças correndo ou até dançando em resposta aos filmes, da pipoca, das bocas cheias e o quão bonito se dava tudo aquilo em sua significância “cinema no certão?” aquilo me soava tão bem e ainda me soa isso de desconstruir o que nem é do sertão, trazer filmes que dizem daquele povo com o poder do cinema nesse lugar.
Era sentado à beira da fogueira, na calçada de casa e na rua feita de crianças que ouvíamos e contávamos as primeiras estórias. Faz um tempo chegaram também as primeiras estórias feitas de imagem e movimento. O cinema. Esse, para muitos Miguilins, era feito na Paróquia, com 20 polegadas de TV, uma baciada de pipoca e uma fita cassete da A Bela e a Fera. Hoje, Diadorinas e Manuelzões fazem cinema. Cinema. construção de pensamento e ação permitindo-nos a ser pequenos frente a tela. Brotar maravilhamento.
Reflexão para uma comunidade que se apropria de recursos audiovisuais para contarem suas histórias. Criar e trocar narrativas dos afetos com o território. Tomar o que nos pertence apropriando-se do imaginário e das linguagens audiovisuais produzindo circulação das narrativas de encantamento. Nós.
Cinema e Ser-tão. Sonhar e ser no sertão. Descobrir(-se) (n)as histórias contadas, aprendendo com os mais velhos, com as crianças, com as tradições. A busca pela inteireza da sabedoria da terra, a troca de afetos e a ancestralidade, através do singelo olhar das guardiãs e guardiões sertanejos. Potencializar a beleza das vivências e, por meio do cinema e do diverso, expressar gratidão aos parentes geraizeiros.
Provocar a reflexão sobre o “onde adentro” e o quão complexo pode ser o território de sentidos que são os Gerais. Desconstruir fronteiras e construir afetos, pensar esse território baiangoneiro social e culturalmente, para além dos limites imaginários. Pensar o Sertão, o Gerais das trijunções do Cerrado Central a partir da beleza e sensações. Desterritorializar o que outrora foi sempre considerado menor, para territorializar em novo pedaço de terra que carrega o nome de semente…
Ver na tela olhares diversos sobre o estar no mundo, mostrando que temos infinitas possibilidades de enxergar a vida e podemos escolher uma que veja diversa, bela e leve. Provocar o imaginário coletivo, uma outra forma de experiência cultural. O desejo de tentar prover possibilidades aos que neste momento de incertezas do país, possam querer, ou precisar, de uma abertura para outros caminhos.
Uma abertura de possíveis. O imaginário em tela, que salta do cotidiano da vida de gente como a gente.
Na labuta cotidiana do estímulo à curiosidade, o que é estranho movimenta, no mínimo. Provocar a reflexão sobre o re-conhecimento em si, do outro. O encantamento nos olhos daquela pessoa vendo aquela tela grande no campinho nos coloca, ambas, encantadas com a diferença e, desse desejo à fricção, semeia-se em uma terra fértil à diversidade e à pluralidade de possibilidades. O CineBaru há de ser tela para prosas descolonizadas e sementeira dos mundos que podemos criar.
Mais que estar em, o desejo de estar com; da terra pra tela e, feito vento, pro mundo – e de volta pra terra, pra que ecoe em nós antes que pretendamos ecoar. Explorar modos de estar/fazer junto, com coração, afeto. Erros e acertos celebrados pela beleza que é saber que estamos nos permitindo criar.
Expandir e sensibilizar nossos olhares por meio dos encontros, dentro e fora da tela. Encontros que proporcionem aprendizados muitos; são essas formas de sociabilidades que nos permitem ser e crescer.
Ser coletivo e diálogo para transformações. Teceduras de força como a criança que cria sua própria pipa e a faz voar utilizando toda força de toda sua linha! “Sertão Certão!” Que faça luzeiro potente no encontro de cada olhar brilhoso e não como luz no horizonte, distante.
Ser movimento político; de resistência, luta e posicionamento. Ser coração e fluxo contrário: da comunidade para o indivíduo. Festejar e inventar, atravessar, confundir, escrever e ler alto, deixar riscar, embaralhar e ver o que sai de novo, vozes se cruzando, das cadeiras, das rodas, das caixas de som, tocadas pela literatura de Guimarães Rosa, pelos caminhos do Reisado e pela maravilha do cinema, cachoeira mas tela grande, estalando. O festejo, o rito, ouvir e criar memórias.
Vida que se faz presente em sua potencialidade: brincadeiras, tramas, raízes, arte… Cinema. Ver vida! Semilha. (Re)existência! (Re)invenção.
pré-abertura, 20h
SER TÃO VELHO CERRADO, doc, longa-metragem, dir.: André D’Elia
abertura, 19h30
SER-TÃO MULHER (DOC, Comunidade de Barro Vermelho-MG) – Sara Carneiro
SERTÃO: ALGUMA COISA AINDA SE VÊ (DOC, Sertão Baiangoneiro) – Leandro Lopes e Makely Ka
mostra competitiva regional de curtas, sessão 1, 20h
1. URSORTUDO (FIC, Brasília-DF) – Januário Jr.
2. INTERVENÇÃO (FIC, Goiânia-GO) – Isaac Brum Souza
3. LOUISE (ANI, Brasília-DF) – Andressa Fernandes, Amanda Gomes e Nathanael Cruz
4. TANÇA (DOC, Jaboticatubas-MG) – Irmandade dos Atores da Pândega, Associação Quilombola Mato do Tição
5. LÉSBICA (ENS, Cachoeira-BA) – Marina Pontes
6. VERBO TRANSITIVO (DOC, Viçosa-MG) – Roberto D’arte
7. EL DÍA EN QUE EL MAR LLEGÓ HASTA BENTO (FIC, San Antonio de los Baños, Cuba) – Fernanda Vidigal
8. O CONTO DO BURRO AMARELO (DOC, Contagem-MG) – Daiana Mendes
abertura, 19h30
À CURA DO RIO (EXP, Pq. Nacional do Rio Doce-MG) – Mariana Fagundes
mostra competitiva regional de curtas, sessão 2, 20h
1. ICÓ – A HISTÓRIA DE JOÃO VALENTE E ZÉ BAIXINHO (FIC, Morro do Chapéu-BA) – Aragonez Fagundes e Simário Seixas
2. EMBAIXADA DOS PIMENTEL – FOLIA, DEVOÇÃO E TRADIÇÃO (DOC, Carmo da Cachoeira-MG) – João Marcos Veiga
3. O MALABARISTA (ANI, Goiânia-GO) – Iuri Moreno
4. DIRITI DE BDÈ BURÈ (DOC, Aruanã-GO) – Silvana Tavares
5. FASCISTITE AGUDA (EXP, Brasília-DF) – Thiago Foresti
6. ENROLADO NA RAIZ (DOC, Viçosa-MG) – Caracol (Camila Leão)
7. ALMA BANDIDA (FIC, Cordisburgo-MG) – Marco Antonio Pereira
8. IARA (FIC, Uberlândia-MG) – Erika Santos e Cássio Pereira dos Santos
abertura, 19h30
CONVERSA FIADA (DOC, Sagarana-MG) – Dinalva Ribeiro e Diego Zanotti
mostra competitiva regional de curtas, sessão 3, 20h
1. DONO DE CASA (FIC, Belo Horizonte-MG) – Anderson Lima
2. TEMPO (FIC, Salvador-BA) – Victor Uchôa
3. DO QUE APRENDI COM MINHAS MAIS VELHAS (DOC, Salvador-BA) – Onisajé e Susan Kalik
4. RENAN (DOC, Correntina-BA) – Heloísa Bastos e Renan Santos
5. ARTEIRO (FIC, Belo Horizonte-MG) – Bruno Carvalho
6. RIO DAS ALMAS (DAN, Pirenópolis-GO) – Thaynara Rezende
7. ATL 2017 – ACAMPAMENTO TERRA LIVRE (DOC, Brasília-DF) – Edgar Kanaykõ Xakriabá
8. A VIAGEM DE ÍCARO (DOC, Goiânia-GO) – Kaco Olimpio e Larissa Fernandes
premiação, 22h
Artista visual, ativista trans, escritor, comunicador e performer carioca, atualmente mora em São Paulo.
Atriz e cofundadora da APT7 Filmes, produtora independente de Brasília.
Atriz e produtora baiana de São Francisco do Conde, atualmente vivendo em Salvador.
Artista visual, cineasta e fotógrafa baiana, mora em Salvador.
Paulista com ascendente em queijo meia cura. Produtor cultural, designer gráfico e pesquisador de culturas tradicionais.
Jornalista e documentarista nascido em São Bernardo do Campo-SP, pesquisador do futebol e do cinema brasileiros
Animador, ilustrador e designer gráfico, morador da Zona Sul de São Paulo.
Nasci mineira, me chamaram Simone, cresci fazedora da cultura.
Idealizadora do Cine Kurumin, é jornalista e pesquisadora, atualmente com foco no cinema indígena.
Geógrafa (PhD), pesquisadora do universo camponês nas suas múltiplas expressões, dentre elas a cultura e o saber-fazer campesinos. É professora, pesquisadora e extensionista na Universidade Federal de Goiás, onde coordena projetos de pesquisa e extensão entrelaçando ciência e saberes tradicionais; letras, cheiros e sabores; laboratório e terra, no anseio de contribuir com o bem viver no campo.
Artista visual, performer, fotógrafo do corpo e da alma, e das coisas miúdas. Nordestino. Para alguns o "poeta dos olhos". Talvez eu seja a visão que alguém sonhou. Alguém que veio ao mundo pra me ver e que nunca na vida me encontrou.
Sagaranense, artista e arte educador em formação. Poeta, pesquisador, andante e dançarino.
Artista visual, graduada em Audiovisual com especialização livre da Academia Internacional de Cinema em direção de fotografia. Autora do livro “Nós, Madalenas - Uma Palavra Pelo Feminismo”.
Atriz de teatro e cinema, cria performances e intervenções urbanas, produz ações culturais, festivais, programas de rádio e dá aulas de teatro. Em 2018 foi premiada pelo Fundo de Apoio a Cultura do Distrito Federal para a criação do espetáculo teatral "João, Joãozinho, Joãozito", no qual narra a infância de João Guimarães Rosa. O espetáculo recebeu seu segundo prêmio em 2019 pelo mesmo Fundo para a circulação do espetáculo em escolas rurais de diversas cidades, saindo de Brasília, passando pelo estado de Goiás e chegando à cidade de Sagarana.