Aqui você encontra a memória das nossas edições anteriores: nossos manifestos, a programação completa, o catálogo de filmes, a curadoria, o júri, os filmes premiados e muitas fotos!
Dos vários cinemas possíveis, entre telonas e telinhas, nos grandes complexos de salas ou na solitude do streaming, dos planos de distribuição em massa até um link perdido driblando o algoritmo pelas redes sociais, o que a gente imagina é esse aqui: uma projeção num campinho de bola de terra numa pequena vila, as cadeiras de bambu sob a lua cheia, e gente de fora se juntando com gente de dentro, terminando de compartilhar a janta, para ver e ouvir o que nós temos para se contar em forma de filme. Filmes curtos em noites longas, porque a gente vai seguir falando até de manhã.
Cinema! Apenas aqui, instante que não se reproduz e só se chega pela estrada batida, inevitável – é agora, o noroeste das minas gerais como esquina possível aos que fazem filme num território baiangoneiro imaginado e pulsante. Daquele mundo de curtas enviados, encontrar um recorte de 21, três noites de sete, mínimo, mas que dê conta primeiro de projetar uma diversidade de autoria da carranca ao big bang; depois, que vá passeando por lapsos e vãos até encontrar lampejos de suas buscas, as histórias do fim do mundo, a resistência de nossos corpos, o cerrado em pé, e as culturas, todas as bênçãos e folias, cantando, gritando para todo o sertão escutar; também, claro, que divirta nosso encontro em cinema, todas as amizades, lágrimas, risadas e pipocas mediadas pela cena grande e caixa de som bem alta, que não nos deixe esquecer de fazer festa, sempre.
Na grande viagem dos filmes que desenham um CineBaru, a gente voa longe, se encanta, mas volta. Quando chega o campinho em noite de setembro, as cadeiras de bambu, afinal, estão ali, no chão.
Carta à 8ª edição
CineBaru – Mostra Sagarana de Cinema
Pertencer a um coletivo tão diverso e descentralizado é desafiador. Aqui, a gente conversa muito sobre afeto e pertencimento, sobre coletividade e produção de belezas. Cada um, à sua maneira, dedica tempo e cuidado ao projeto, afeta e se afeta de maneira singular. A única certeza é que nada é feito só e, apesar das dificuldades, é sempre melhor caminhar lado a lado e na mesma direção.
E nesse caminhar juntos, vivemos os últimos 8 anos. Parece que foi ontem – é o que todo mundo diz. E o sentimento angustiante da ligeireza do tempo, quando muitas vezes falta respiro para planejar, avaliar processos, mensurar resultados, pensar no porvir. É que tudo vai acontecendo sempre ao mesmo tempo-agora. Piscamos, mais um ano, mais uma edição.
E antes de colocar o carro pra andar, chega este momento de refletir sobre o que desejamos, como queremos e o que, de fato, podemos. Olhos nos olhos da tela, coletivo à postos em reunião, cada um põe na mesa uma imagem-lembrança, um pequeno texto que justifique sua presença e desejos, uma cor e uma textura. Todo esse conteúdo é misturado com o fim de se tornar um norte, a seta indicativa do caminho que será traçado. É bonito!
O que a gente quer mesmo é o agora e o futuro. O que pode ser feito, no tempo das coisas. Por aqui, a urgência de criar, produzir, construir, apresentar. O desejo de subir tela, afinar projetor, exibir narrativas. A vontade de trocar com as crianças e com os mais velhos. Pisar na terra, plantar sementes e colher os frutos. Refletir sobre cinema e território. Seguir, concretizando sonhos.
Assim, o CineBaru investe no poder transformador do audiovisual, como um canal de fortalecimento de culturas e uma fonte de inspiração recíproca com as juventudes. Celebrar a resiliência e a criatividade dentro e fora da vila de Sagarana. Fortalecer nossos laços e impulsionar transformações no território para serem sentidas, vividas, vistas e revistas. Reverberar o amor para além da grande tela. Que esta 8ª edição seja um despertar de consciências, uma confluência entre sonhos e realidades, uma plataforma para novas vozes, histórias e re-começos.
Neste manifesto, reiteramos nosso compromisso de tentar produzir uma mostra que cada vez mais faça sentido, não somente para os amantes do cinema, mas, principalmente, para as pessoas da vila. Pé no chão e olhar no horizonte: que nunca esqueçamos que somos gigantes, respeitando nossa simplicidade e singeleza. Seremos sempre sertão, terra, firmamento, caminho, encruzilhada e encontros, infinitos.
Por aqui, agradecer o reconhecimento do nosso trabalho por meio de recursos oriundos da Lei Paulo Gustavo, uma grande conquista do setor cultural, incentivadora de iniciativas e ações culturais distribuídas por todo o país. Com ela, ganhamos fôlego e a oportunidade de profissionalizar nossa equipe, criando um evento ainda com mais conteúdo, atividades e estrutura.
Convidamos cada um/a de vocês a se unirem a nós nesta celebração ao cinema, às culturas e à comunidade. Venha participar, sentir e descobrir no CineBaru um espaço acolhedor, onde os filmes e atividades sejam sentidos como chamados para avançarmos em nosso propósito. Que as cores, os sons, e as histórias contadas nesta edição inspirem cada um/a de nós a seguir nesta jornada coletiva, repleta de amor, arte e poesia.
Ecos do Caminho
Gestora, educadora, articuladora e produtora de arte, cultura, meio ambiente, empreendedorismo e economia criativa. Educadora Física, Técnica em Serviços Públicos, Meio Ambiente, Planos Municipais de Cultura e Gestão no 3º Setor. Compõe o coletivo do CineBaru, desde a primeira Edição, na produção, logística e curadoria.
Historiadora cerratense, criadora audiovisual e agrofloresteira, inspirada em bichos, plantas e gente.
Moradora de Chapada Gaúcha-MG. Produtora cultural, condutora ambiental no Parque Grande Sertão Veredas, musicista, co-fundadora do Instituto Rosa e Sertão, colaboradora da Revista Manzuá e do CineBaru.
Especialista em Comunicação e Cultura, mestre em Gestão Cultural e relações públicas. Desde 2014, pela Etcetera Produções, atua em projetos ligados à educação e ao desenvolvimento sociocultural.
Cerratense, poeta, sertanejo, arte-educador, produtor cultural e bailarino, graduado em dança.
Jornalista e documentarista nascido em São Bernardo do Campo-SP interessado em escrita, pesquisa, roteiro, desenvolvimento, produção, direção e outras conversas em comunicação, redação, podcast, literatura, audiovisual e cinema.
Preto e Aquilombado, Bacharel em Cinema e Audiovisual, artista, documentarista, cineasta, produtor cultural, pesquisador e extesionista com comunidades quilombolas e tradicionais, apaixonado por cultura popular, ativista, nascido e banhado nas águas do Rio Urucuia, norte-mineiro e apaixonado pelo sertão.
Nasci mineira e me chamaram Simone. Cresci fazedora da cultura, sou jornalista e produtora cultural e sou uma das idealizadoras do CineBaru e do Meu Cinema, Nosso Território.
Graduado em História pela Universidade Estadual de Montes Claros. Desde 2018 é coordenador naciona da Rede Emancipa, movimento nacional de educação popular, na cidade de Manga, município na margem esquerda do médio São Francisco, que tem organizado práticas de ensino de preparação para universidade atrelado a educação popular e produção cultural com ênfase na cultura popular, sobretudo de matriz afro-brasileira, periférica e barranqueira. É idealizador do CineCarranca, projeto em audiovisual que debate gênero, raça e território e o direito a cidade nas barrancas da margem esquerda do Velho Chico.
Professora de Biologia há mais de 30 anos, atuando na Escola Municipal Vasco Bernardes de Oliveira e na Escola Estadual Major Saint Clair Fernandes Valadares, onde se dedica à educação de crianças, jovens e adultos da comunidade de Sagarama. Engajada em causas socioambientais, Maria Luiz é uma defensora atenta do Cerrado e participa ativamente do Conselho Consultivo do Parque Estadual de Sagarama. Além de sua atuação como educadora, exerce diversas funções comunitárias participando nas folias, rezas, fóruns muitos com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da região. Como filha de Sagarama, mantém vivo o compromisso com a valorização da natureza, cultura da sua comunidade e da ciência.
Liderança Kalunga quilombola na cidade de Cavalcante, em Goiás, no nordeste do estado. É tecelã, guia de turismo, empreendedora, fundadora, idealizadora e realizadora da “Casa Memória da Mulher Kalunga” desde 2022. No audiovisual, é diretora, protagonista do filme “Marta Kalunga” (2022), além de produtora no longa-metragem “Mátria Amada Kalunga” (2022) e idealizadora, roteirista, diretora, atriz e produtora do filme “Meada Cor Kalunga” (2023). Para além de filmes, Marta Kalunga também executa conteúdos audiovisuais relativos aos Saberes e Fazeres tradicionais da Comunidade Quilombola Kalunga de Goiás, em específico, às mulheres Kalunga, com atividades informativas, formativas, educativas e de promoção de eventos.
Professora de Dança no Instituto Federal de Goiás. Doutoranda pela Universidad Nacional de las Artes (UNA - Argentina) e mestre em Performances Culturais (UFG). Em Goiânia, tem produzido ações no campo da formação e da reflexão no campo do balé em eventos como: Balé em Foco, Procurando o Eixo e Balé do Encontro. É autora do livro Balé Sobre outros eixos (2017) e organizou as seguintes obras: Pesquisa em balé no Brasil: história, ensino e cena (2020) e Pesquisas em Balé no Brasil: pedagogias da infância, visibilidades negras e repertórios (2023); Discutindo a juventude: microrrevoluções entre a cultura e a educação (2020); Convocações Indisciplinares em dança (2022) e (2023).