Inventar um festival
Se quer seguir-me, narro-lhe; não uma aventura, mas experiência, a que me induziram, alternadamente, séries de raciocínios e intuições. Tomou-me tempo, desânimos, esforços. Dela me prezo, sem vangloriar-me. É a Mostra Sagarana de Cinema. Mais um CineBaru.
Nove edições, nove temporadas, são o bastante para o ziguezague do tempo dar num corte: este CineBaru não é um retorno ao mesmo, mas uma permanência em trânsito. Se dar conta do que habituamos — o trabalho coletivo, o cinema como rito, o encontro como gesto político e afetivo, a nossa morada por onde nos reconhecemos. E daí, redemoinho. A gente se mexe, os de fora, os de dentro, os que ficam, os que chegam, os que estão de passagem, os que vão levando, os antigos, os mais de agora… A vila. Continuar a rasgar. Caminhar com espanto que não se explica e, por isso mesmo, nos move. Conforto, mas arrepio. Pedra boa de deitar também escorrega.
O cotidiano é bruto, incontrolável, inesperado, num meio de mundo que não se deixa organizar. A fotografia na parede é linda mas não tudo, porque ela sozinha vai doer; cortar bambu, juntar madeira e pregar moldura nova. Estado criativo constante. Memória da terceira margem, barulhenta, instigante, cachoeira. Sertão vigoroso, estrada de chão formando a gente para chacoalhar. O empurrão ao que tudo pode. Amarrar os cadarços e atravessar. Andando, nunca sozinho. Leve e firme, manso e esperto, livre. O mateiro tem seus mistérios.
O 9º CineBaru – Mostra Sagarana de Cinema quer inventar um festival. Essa história é de todos nós, podemos chamar do que quiser. Convidar a valorizar a memória desses tantos lugares que chegam pela tela e pelo som no campinho — no pó, no chão, no sol, em mais um ciclo do projeto. Costurar a festa, rabiscar o tempo, viajar nos filmes e fabular um mundo. A porta é sempre aberta.
Coletivo Ecos do Caminho (2015-)
Maio de 2025
Gestora, educadora, articuladora e produtora de arte, cultura, meio ambiente, empreendedorismo e economia criativa. Educadora Física, Técnica em Serviços Públicos, Meio Ambiente, Planos Municipais de Cultura e Gestão no 3º Setor. Compõe o coletivo do CineBaru, desde a primeira Edição, na produção, logística e curadoria.
Historiadora cerratense, criadora audiovisual e agrofloresteira, inspirada em bichos, plantas e gente.
Moradora de Chapada Gaúcha-MG. Produtora cultural, condutora ambiental no Parque Grande Sertão Veredas, musicista, co-fundadora do Instituto Rosa e Sertão, colaboradora da Revista Manzuá e do CineBaru.
Cerratense, poeta, sertanejo, arte-educador, produtor cultural e bailarino, graduado em dança.
Estudante de Artes Cênicas na Universidade de Brasília, técnico em Produção Cultural pelo Instituto Federal de Brasília e diretor do coletivo MuTuM. Pesquisador e artista no Instituto Rosa e Sertão e colaborador do CineBaru.
Jornalista e documentarista nascido em São Bernardo do Campo-SP interessado em escrita, pesquisa, roteiro, desenvolvimento, produção, direção e outras conversas em comunicação, redação, podcast, literatura, audiovisual e cinema.
Cerratense, goiano, biólogo, cofundador do CineBaru têm interesse em diálogos e práticas decoloniais na educação, conservação da natureza e cultura.
Artista visual e da escrita, com interesse em viagem e nos encontros do entremeio. Escreve, revisa textos, elabora projetos e comunica pelas redes.
Nasci mineira e me chamaram Simone. Cresci fazedora da cultura, sou jornalista e produtora cultural e sou uma das idealizadoras do CineBaru e do Meu Cinema, Nosso Território.